O João tem agora 5 anos e tem diabetes tipo 1 desde os 21 meses. Neste espaço partilho tanto as minhas alegrias e as minhas conquistas, como os meus receios e tristezas em relação à diabetes do meu filho, na esperança de que a minha história ajude outros pais de crianças com diabetes.















domingo, 2 de janeiro de 2011

Os dias de festa

Os dias de festa são sinónimo de descontracção e alegria. Mas não para todos. Para os pais de crianças diabéticas são sinónimo de tensão e atenção redobradas.
Por todas as razões: porque os horários das refeições são difíceis de cumprir, porque as refeições se prolongam, porque não há dia de festa que não implique uma ingestão generosa de doces.
Quando festejamos em casa (prefiro sempre que assim seja), tento controlar a situação planeando muito bem a refeição e pedindo aos familiares e amigos que respeitem os horários.
Quando saímos de casa, enquanto todos conversam e se divertem eu estou em alerta vermelho: peço para porem os doces em locais menos visíveis, pergunto a que horas vai ficar pronta a refeição, peço para conferir os ingredientes dos salgadinhos nas embalagens originais… Uma grande chatice!
Esta passagem de ano, embora tenhamos ficado em casa, embora tenha programado tudo cuidadosamente, acabei na internet às 23h30, pesquisando os ingredientes num pacote de mini-tostas, com um aspecto perfeitamente inofensivo, mas que descobri terem dextrose. Toca a retirar as tostas do menu! A seguir fiquei ansiosa com os horários: já era 1 da madrugada, as pessoas não partiam, o João precisava de se deitar, eu ia ter de ficar (os resto d)a noite a vigiar as glicemias…
Resultado: comecei o ano de 2011 a chorar no sofá, depois de todos terem saído, depois do João estar a dormir (após mais uma hipoglicémia), pensando, não nesta situação em especial, nem sequer em mim própria (no meu cansaço, na minha sensação de ter falhado mais uma vez), mas sim pensando que, no futuro, o meu filho iria ter este papel que hoje é o meu, ao assumir o controlo da sua própria diabetes. Pensando que terá dificuldade em descontrair-se, em sentir-se “normal”, integrado numa sociedade que tem hábitos e horários tão incompatíveis com a diabetes.
E eu que tinha feito o voto para 2011 de não me deixar controlar tanto pelos sentimentos e ser mais activa na gestão da diabetes!

2 comentários:

  1. Ui eu sei como são dificeis esse dias, sempre achei que o melhor era ficar por casa, assim eu teria mais hipoteses de "controlar" a situação.
    Erro meu , erro porque assim estamos a condicionar toda a nossa vida, a nossa enquanto seres sociais e também a do meu filhote, não quero que no futuro pense que não pode sair, não se pode divertir com os amigos.
    A minha preocupação agora passou a ser outra, mostrar-lhe que podemos sair, almoçar jantar a casa dos outros, ir a festas, fazer isto tudo sem implicar um descontrolo da diabetes.
    E assim foi, fomos fazer a passagem de anos a cas de amigos, quando entrei quase que me ia dando uma coisita má, a mesa estava cheia de doces, sumos por todo o lado e chocolates sem fim.Mas tudo correu bem, comeu um pouquinho mas com moderação, mas como brincou muito, não parou de saltar de correr, imaginem no final da noite a glicémia estava excelente, Resumindo em estive sempre com o coração nas mãos mas o meu filhote divertiu-se muito e adorou e no final tudo correu bem.

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  2. Nunca tinha pensado nisso dessa perspectiva. Realmente é muito importante ensiná-los a gerir as coisas em dias de festa e prepará-los para a vida. Vou tentar desenvolver mais essa parte...
    O João, embora tenha consciência de que não pode comer quando quer e em quantidades exageradas e seja um menino já bem responsável, quando quer comer e eu lhe digo que não pode, tende a ficar pouco racional e a fazer uma birra típica dos seus 4 aninhos (quando está comigo. Pelo que diz a educadora, na escola, ele aceita tudo muito bem!). Espero que com a idade aceite melhor as restrições alimentares...

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