O João tem agora 5 anos e tem diabetes tipo 1 desde os 21 meses. Neste espaço partilho tanto as minhas alegrias e as minhas conquistas, como os meus receios e tristezas em relação à diabetes do meu filho, na esperança de que a minha história ajude outros pais de crianças com diabetes.















quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Gastroenterites

Já falei muito em sentimentos. Agora gostaria de passar às questões mais práticas. Uma das situações mais difíceis que vivemos, e com a qual aprendi muito, foi quando o João teve uma gastroenterite. Por sorte não lhe afectou os intestinos, mas não conseguia aguentar nada no estômago, vomitava constantemente. Partilho primeiro um erro que cometi: passei todo o dia sem lhe dar insulina porque ele tinha os valores sempre suficientemente altos e eu achava que isso era o suficiente. Quando liguei ao médico, ao fim do dia, ele explicou-me que o corpo precisa de insulina e se não a obtiver, cria os famosos corpos cetónicos, que são tóxicos. Queria que o João fosse internado imediatamente. Eu pedi-lhe para ele me dizer o que eu tinha de fazer para resolver a situação em casa (a ideia do internamento angustia-me tanto!). A primeira coisa que tive de fazer foi arranjar um modo de medir os corpos cetónicos. Não tinha fitas em casa, nem sabia como se media. Consegui resolver essa parte pedindo ajuda a uma vizinha, analista. A seguir, passei a noite com o João e tinha de lhe conseguir dar uma unidade de insulina ultra-rápida (ele usa a Humalog) de hora a hora (não lhe administrei a insulina lenta, por instrução do médico). Uma solução apresentada pelo médico foi dar-lhe refrigerante (sugeriu a coca-cola) para poder administrar a insulina. Mas o João nunca bebeu refrigerantes e provavelmente não iria gostar. Partilho agora a solução que encontrei: ele tinha cerca de 100 de glicemia; eu enfiava-lhe (literalmente) uma colher de sobremesa de mel na boca, sem ele acordar, e a seguir administrava uma unidade de insulina. Uma hora depois, ele tinha os valores de novo perto dos 100 e fui fazendo assim ao longo da noite. De manhã fiz de novo a análise aos corpos cetónicos na urina e já deu negativo.
Não foi uma situação fácil e fiz uma asneira que podia ter tido consequências graves (mas esses riscos, são os que corremos todos os dias, quando temos filhos com diabetes). Sobrevivemos a mais uma prova.

1 comentário:

  1. Ui que susto, não foi.
    Mas nestes momentos arranjamos sempre forças, vindas não sei de onde, para cuidarmos dos nossos filhotes.
    Obrigada por esta informação tão importante.

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