O João tem agora 5 anos e tem diabetes tipo 1 desde os 21 meses. Neste espaço partilho tanto as minhas alegrias e as minhas conquistas, como os meus receios e tristezas em relação à diabetes do meu filho, na esperança de que a minha história ajude outros pais de crianças com diabetes.















quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Até os prémios Nobel da medicina têm filhos com DT1

Hoje estive a assistir a uma conferência do Craig Melo, prémio Nobel da medicina em 2006.

A conferência terminou com uma fotografia da filha, no dia da atribuição do Nobel. Via-se a menina, sem os dentes da frente (devia, por isso ter uns 6 anos), ao lado de uma mesa coberta de moedas de chocolate. Craig Melo começou a contar como disse à filha para ela apanhar o maior número possível daquelas deliciosas moedas. 

Como sempre, comecei logo a pensar: se fosse o meu filho não poderia.

Qual não é o meu espanto quando ele começa a contar que a filha tem diabetes tipo 1 desde 1 ano de idade. O objectivo dele era falar da importância das descobertas científicas, como a da insulina, que tanta diferença fazem na vida das pessoas. Ainda falou bastante no assunto, dizendo que no início do século XX morriam pessoas por não haver ainda insulina e que a filha tem de tomar insulina sempre que come qualquer coisa.

Não sei se foi por estar em contexto de trabalho, completamente desprevenida, mas as lágrimas começaram-me a correr pela cara a baixo e tive de me conter para não soluçar. Que raio de reacção tão exagerada. E eu que até acho que melhorei bastante na minha relação com a diabetes...

Estava ali a ouvir aquele homem admirável que tão próximo está todos os dias de encontrar soluções para curar doenças horríveis como o cancro, que me parecia pertencer a um mundo tão diferente do meu e afinal também ele tem um filho com diabetes. Também ele acorda às 4.00 da manhã para verificar a glicémia da filha (contou como foi nesse momento precisamente que soube que tinha recebido o Nobel). Quando saí da sala de conferências a minha amiga dizia toda entusiasmada: "Vais ver que ele ainda vai encontrar a cura para a diabetes! Motivação, meios e conhecimento não lhe falta!" Quem nos dera!

Agora estou aqui sentada no sofá. O João está sentadinho ao meu lado, a ver um desenho animado. Daqui a pouco está na hora da ceia e da caminha. É um momento de calma. E estou a tentar compreender porque chorei tanto. Já há muito tempo que deixei de chorar de cada vez que falo ou ouço falar na diabetes do João...

A verdade é que ando sempre meio tristinha, é assim como se as emoções fossem de 0 a 20 e as minhas andam sempre entre o 8 e o 10. Nunca descem muito (a não ser numa situação difícil, claro) mas também nunca sobem acima dos 10. É uma espécie de tristezazinha morna e constante. Tento reagir, mas ainda não foi desta que consegui subir acima do 10.

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