O João tem agora 5 anos e tem diabetes tipo 1 desde os 21 meses. Neste espaço partilho tanto as minhas alegrias e as minhas conquistas, como os meus receios e tristezas em relação à diabetes do meu filho, na esperança de que a minha história ajude outros pais de crianças com diabetes.















sábado, 25 de dezembro de 2010

A nossa história: o momento do diagnóstico

O momento em que descobrimos que o nosso filho tem diabetes é sempre marcante. Já li relatos de outras mães e apercebi-me de que as circunstâncias mudam, mas os sentimentos são semelhantes. Essa semelhança ajudou-me em momentos difíceis, fez-me sentir menos sozinha. Por esse motivo partilho aqui a minha história...

Nós (eu, o meu marido e o João, que na altura tinha 21 meses) estavamos de férias na ilha de Santa Maria, Açores. O João tinha passado o Verão todo com os sintomas típicos: muita sede, muito xixi (tinha de lhe mudar a fralda quatro a cinco vezes por noite), perda de peso... Eu sabia que algo estava errado, mas todos os que me rodeavam diziam que ele devia estar a reagir mal ao calor do Verão. No fundo, acho que eu quis acreditar naquilo que me diziam e não tive coragem que enfrentar a situação mais cedo...
Num dia particularmente mau, resolvi telefonar ao pediatra do João, que me mandou ir ao hospital fazer uma medição de glicémia. Uma hora depois estava a ser evacuada da ilha, de avião, rumo à  ilha de São Miguel. O João tinha a glicémia a 700. No hospital, o médico veio ter comigo e, sempre de olhos postos no chão, informou-me de que o meu filho tinha diabetes. Foi como se eu tivesse sofrido um curto-circuito mental: deixei de conseguir raciocinar, como se aquilo que me estavam a dizer não fizesse sentido. Fiz uma só pergunta ao médico: "E isso é para sempre?", ao que ele sorriu e respondeu afirmativamente. Esse estado de estupidez temporária durou os 8 dias do internamento que se seguiram.
Essa primeira noite no hospital foi um pesadelo, não só por todas as conotações negativas que a palavra tem, mas também porque tudo aquilo me parecia tão pouco real. O meu filho, que só tinha estado doente uma vez, com uma constipação, estava agora aos gritos nas mãos de quatro enfermeiros que, revesando-se, tentavam pôr-lhe um cateter, sem sucesso, porque - explicaram-me - ele estava já demasiado desidratado.
A semana que se seguiu foi dolorosa. Parecia que estava a cair lentamente por um buraco negro, um pouco como a Alice, só que este país não era o das maravilhas. Tentei reagir, aprendendo o mais que pude sobre a doença, mas as fontes de informação não abundavam. Durante a hora diária que passava em casa, fazia buscas na internet, imprimia os documentos e lavava-os para o hospital para ir lendo. Falavam de glicémias, corpos cetónicos, hipo e hiperglicémias, conceitos estranhos e dificeis de apreender na altura, mas que hoje me são tão familiares... Entretanto, o João chorava de fome, das dores das picas... Eu, que nunca concordei com a ideia, passava horas com ele ao colo. Se pudesse, acho que teria voltado a pô-lo dentro da minha barriga...

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