O João tem agora 5 anos e tem diabetes tipo 1 desde os 21 meses. Neste espaço partilho tanto as minhas alegrias e as minhas conquistas, como os meus receios e tristezas em relação à diabetes do meu filho, na esperança de que a minha história ajude outros pais de crianças com diabetes.















segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A nossa história: a reconstrução

A terceira parte desta nossa história é aquela que ainda vivemos. Chegou o momento de aceitar a doença e construir um novo projecto de vida. Se fiz questão de partilhar as duas primeiras fases menos positivas que vivemos, incluindo nos meus relatos sentimentos que nunca partilhei com ninguém (por os achar demasiado irracionais e por isso ridículos aos olhos dos outros) é porque acho que devemos – nós, os pais das crianças com diabetes – reclamar o nosso direito a ter um período de sofrimento. Depois disso devemos levantar a cabeça e seguir em frente. Mas há uma altura em que são quase ofensivas as frases como “há doenças muito piores, tiveste muita sorte”, “isso hoje em dia não é um problema”. Não há pai nenhum que não deseje que o seu filho seja saudável e não há pai nenhum que encare com leveza os riscos diários das hipoglicémias graves e as suas consequências.
Dito isto, penso que hoje conseguimos atingir algum equilíbrio. Temos uma vida muito regrada, sobretudo no que diz respeito aos horários das refeições e dos períodos de sono. Passámos a conhecer melhor os alimentos e a prepará-los com maior atenção. Com o tempo e a experiência, percebi que o João podia comer um pouco de tudo (até um quadradinho de chocolate de vez em quando, como qualquer criança). Percebi também que as regras vão mudando, que em duas situações muito idênticas separadas por uma semana de intervalo, a mesma quantidade de insulina pode resultar numa hipoglicémia ou numa glicemia equilibrada. Desenvolvemos o nosso poder de improvisação.
O João tem já 4 anos, é um menino bem disposto e inteligente. Começou a frequentar o infantário (mais um bicho-papão que enfrentámos e vencemos) e até já foi a um ou dois aniversários de coleguinhas. E a vida segue um rumo não muito diferente do das outras famílias, talvez com mais precauções e mais planificação…

3 comentários:

  1. Olá Dominique
    Adorei os teus depoimentos, a tua história é a minha história.
    todas passamos pelo mesmo.
    Bjs e muita força

    ResponderEliminar
  2. Olá Mafalda!
    Foi por isso que resolvi começar o blogue. Sou uma pessoa extremamente reservada e muito do que conto aqui nunca contei a ninguém. Mas quando passei por este turbilhão de emoções senti-me mal também por as sentir, pois achava que não estava a reagir da melhor maneira. Descobrir que a grande maioria das mães e pais passam pelo mesmo ajudou-me muito. Pode ser que os meus depoimentos ainda venham a ajudar alguém...
    Obrigada pelo apoio!

    ResponderEliminar
  3. É muito dificil esta nossa luta diária e os nossos sentimentos nem sempre são os melhores, eu bem sei.
    É importante desabafar, ficamos com mais força.
    Muita força.

    ResponderEliminar